quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Vinho tinto seco

Ontem, meio que por acaso, fui almoçar numa elegante casa, ao lado da praça do papa, no bairro das mangabeiras. A casa com portões de ferro e muros altos abrigava uma adorável e simpática família, que nos esperava para almoçar. Ao entrar fomos recebidos, eu e meu amigo, pelo anfitrião, que cordialmente nos cumprimentou com as saudações de terno amigo. No interior da casa havia uma estrutura de escada e uma grande varanda coberta, que se assemelhava ao um teatro de arena. Só que ao invés de palco havia uma piscina no centro. Do lado esquerdo e acima, estava a entrada da casa com uma grande porta de vidro, que dava para uma enorme mesa da copa, onde os pratos e talheres já estava dispostos.

Sentamos a mesa e a conversa caminhava descontraída. Foi quando o meu amigo perguntou ao anfitrião, sobre a sua recente viagem ao Chile. Ele a expôs e mostrou dos vinhos que trouxera. Dos quais havia reservado um, especialmente, para o nosso almoço. Contou da uva utilizada para a produção daquele vinho, se me lembro bem era Cabernet Sauvignon; falou dos seus futuros planos de montar uma vinícola e pediu o seu filho para fazer as honras da casa e servir o vinho para nós.

Ele nos trouxe um pão distinto para a entrada do almoço e derramou o vinho numa apurada jarra para nos servir. Depois de todos servidos, passamos a um brinde e demos seqüência ao bate-papo, que versava sobre o sabor e qualidade daquele vinho.

No momento que fui provar do vinho, se deu a alvoroço. Sabem daqueles rápidos instantes de azar ou mal jeito que sempre acontece algo atrapalhado, esse estava prestes a se dar. Pelo mau funcionamento da minha epiglote, estranhamente o vinho não desceu para o estômago e foi para a laringe provocando em mim um engasgo. A tose seria a reação mais natural, para expelir o líquido, no entanto, poderia demonstrar o meu estranhamento e insatisfação com a iguaria. Daí segurei com todas as minhas forças o movimento. E meu amigo percebendo a minha disposição, disse baixinho, sem o restante da mesa escutar. Bebe água. Eu o fiz, mas não adiantou, o vinho continuou na laringe me causando incômodo e mal estar. A cada causo, ou piada, geravam-se longas gargalhadas, que eu aproveitava para pegar carona nelas e tossir como se estivesse rindo também.

Foi quando a simpática e elegante esposa do anfitrião chegou à copa e ofereceu a ida ao banheiro para lavar as mãos antes do almoço. Nesse instante percebi a oportunidade de ir ao cômodo reservado e tossir sem embargo me livrando do incômodo.

Depois disso me sentei à mesa como se nada tivesse acontecido e seguimos um extenso e agradável almoço naquela casa. Uma simples e saborosa comida mineira foi servida, muitos causos foram desenrolados e tudo terminou muito bem.

3 comentários:

  1. Era Cabernet não. O vinho era Carmener!

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  2. hahaha... Educação exemplar, hein?! Morre, mas não faz feio!! Raro hoje em dia!! :)
    Parabéns, rapaz, a riqueza de detalhes me lembrou Guimarães Rosa!! :)

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