domingo, 25 de abril de 2010

A descoberta do sentido da vida


Eu li esse texto pelo menos umas 10 vezes, recomendo que você leia com muita atenção.

Não é verdade que todas as amizades duradouras nascem no momento em que você finalmente encontra outra pessoa que tem certa percepção (embora superficial e vaga) daquilo que você nasceu desejando, e que, por baixo do fluxo de outros desejos e em todos os silêncios momentâneos entre as paixões mais gritantes, você tem buscado, observado e ouvido noite e dia, ano após ano, desde a infância até a idade adulta? Acontece que você nunca teve isso. As coisas que arrebataram profundamente sua alma não passaram de pistas daquilo – piscadelas sedutoras, promessas nunca inteiramente cumpridas, ecos que se foram assim que caíram em seus ouvidos. Porém, se a coisa realmente se tornar manifesta – se um dia você ouvir um eco que não se desfez, mas se transformou no próprio som – você o saberá. Diante de qualquer possibilidade de dúvida você dirá para si mesmo: “Foi para isso mesmo que eu fui feito”. Não dá para contar isso aos outros. É a assinatura secreta de cada alma, o desejo incomunicável e insaciável; aquilo que desejávamos antes de conhecer nossas esposas ou nossos amigos, ou de ter escolhido nossa profissão, e que devemos continuar desejando até morrermos, quando a mente já não mais conhecer esposa, nem amigos, nem trabalho. Será sempre assim, enquanto formos gente. Se deixarmos escapar isso, estaremos pondo tudo a perder.

C.S. Lewis em O Problema do Sofrimento

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O desafio de construir um discurso novo

Ainda não está claro qual será a proposta do candidato José Serra para ser o pós-Lula. Há dois desafios pela frente. O primeiro, apresentar propostas que se diferenciem do modelo Lula de governar. O segundo, explicar as críticas anteriores ao modelo.

O problema maior é que, nos últimos anos, o PSDB deixou de lado propostas e programas e enveredou por um caminho de criticar todos os aspectos da política econômica de Lula.

Nesse período, parte da grande imprensa tornou-se o porta-voz de fato do partido. E o discurso colocado em prática era de defesa do neoliberalismo exacerbado.

Como desdizer, agora, o que já foi dito?

***

Vamos a alguns pontos essenciais de discussão:

1. Papel do Estado.

Em todo esse período, pulularam as críticas contra o ativismo da política industrial, contra o projeto do pré-sal, contra o fortalecimento das empresas públicas – Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal -, sem a preocupação de diferenciar aparelhamento de Estado de ação de Estado.

A crise econômica desmontou esses argumentos. As medidas tomadas e o papel conferido aos bancos públicos foi essencial para reduzir o impacto da crise global no Brasil. Hoje em dia, há um retorno do conceito de política industrial mesmo em países que se converteram na meca do neoliberalismo – como Estados Unidos e Inglaterra.

2. Bolsa Família e salário mínimo.

A campanha contra o programa foi intensa. Foi transformado em “Bolsa Esmola”. Aliados próximos a Serra – como o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcellos e o atual governador Alberto Goldman (através de sua esposa) – deixaram explícitas as críticas contra o Bolsa Família.

Hoje em dia, há consenso de que a inclusão social, possibilitada pelos dois programas, permitiu a criação de um novo mercado de consumo popular que está mudando a face de regiões inteiras, além de ter sido elemento fundamental para impedir o aprofundamento da crise. Como desdizer os ataques ao programa?

3. Minha Casa, Minha Vida.

No próprio discurso de lançamento de seu nome, Serra chamou o programa habitacional do governo de “estelionato”. Quando se conversa com grandes construtoras – como a Odebrecht – fica-se sabendo que só não se constroem mais casas por absoluta falta de mão-de-obra. Ou seja, o programa conseguiu ocupar a capacidade instalada da indústria da construção no país.

4. Política cambial.

O grande erro do governo Lula, permitindo a invasão de produtos chineses, asfixiando a indústria de máquinas e equipamentos do país, esmagando as exportações de manufaturados. Mas a posição do Banco Central no período, apoiada por Lula, foi também enaltecida por toda a mídia aliada a Serra. Os principais economistas do PSDB defenderam com unhas e dentes a autonomia do BC e a idéia errônea de que o câmbio é fixado pelo mercado.

Serra passou a explicitar uma crítica contra a política – que, antes, nunca teve coragem de formular de maneira aberta, a não ser em ocasiões raras. Mas como convencer seus eleitores de que tudo o que o PSDB disse a respeito da “herança bendita” do BC estava errado?

Escrito por Luiz Henrique Mendes

Texto publicado originalmente no site do Luiz Nacif: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/04/14/o-desafio-de-construir-um-discurso-novo/

sábado, 10 de abril de 2010

Identidade Social

De uma perspectiva sociológica, a identidade social é um conjunto relativamente estável de percepções sobre quem somos em relação a nós mesmos, aos outros e aos sistemas sociais.

A identidade social é organizada em torno de um autoconceito, ou seja, as ideias e sentimentos que temos sobre nós mesmos. Essas ideias têm origem em várias fontes. O que Charles Cooley chamou de imagem de espelho, por exemplo, fundamenta-se na maneira como pensamos que outras pessoas nos veem e avaliam (o que, é claro, não é necessariamente o modo como realmente nos veem). Em um nível mais estrutural, a identidade social baseia-se também em ideias culturais sobre o status sociais que ocupamos. Dessa maneira, por exemplo, a mulher que é mãe recorrerá a ideias culturais sobre mães ao construir sua ideia sobre quem ela é. De modo análogo, ela pode usar ideias culturais sobre mulheres, sobre várias ocupações, sobre idade e assim por diante, e com elas formar um senso geral sobre quem ela é. Este componente do autoconceito, que se baseia nos status sociais ocupados pelo indivíduo, pode ser entendido estritamente como a identidade social que um indivíduo possui.


Uma parte importante dessa identidade social é o eu ideal, que consiste de ideias sobre quem deveríamos ser, e não sobre quem realmente somos. Seja um “estudante nota 10”, um magnata dos negócios, um pai carinhoso ou o autor de um crime perfeito, o eu ideal é um padrão contra o qual medimos nosso conceito de identidade – em outras palavras, quem pensamos que realmente somos. A perfeição com que a identidade ideal e o autoconceito se comparam afeta fortemente nossa auto-estima. Para a auto-estima contribuem também as avaliações que fazem parte da imagem de espelho (tendemos a pensar mal de nós mesmo se achamos que outros pensam assim) e as que estão associadas aos status sociais que ocupamos (pessoas em ocupações altamente prestigiosas tenderão a sentir-se melhor sobre si mesmas, porque recorrem ao valor cultural mais alto atribuído às suas posições).

A identidade social é socialmente construída, no sentido de ser moldada através da interação com outras pessoas e por utilizar materiais sociais sob a forma de imagens e ideias culturais. Como acontece com a socialização em geral, é claro, o indivíduo não é um participante passivo desse processo, e pode exercer uma influência muito forte sobre a maneira como o processo e suas conseqüências se desenvolvem.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Fato Social

Objeto central da sociologia de Émile Durkheim, um fato social é qualquer forma de indução sobre os indivíduos que é tido como uma coisa exterior a eles, tendo uma existência independente e estabelecida em toda a sociedade, que é considerada então como caracterizada pelo conjunto de fatos sociais estabelecidos.

Também se define o fato social como uma norma coletiva com independência e poder de coerção sobre o indivíduo.

Segundo Emile Durkheim, os Fatos Sociais constituem o objeto de estudo da Sociologia, pois decorrem da vida em sociedade. O sociólogo francês defende que estes têm três características básicas:

Coercitividade - característica relacionada com a força dos padrões culturais do grupo que os indivíduos integram. Estes padrões culturais são de tal maneira fortes que obrigam os indivíduos a cumpri-los.

Exterioridade - esta característica transmite o fato desses padrões de cultura serem exteriores aos indivíduos, ou seja ao fato de virem do exterior e de serem independentes das suas consciências.

Generalidade - os fatos sociais existem não para um indivíduo específico, mas para a coletividade. Podemos perceber a generalidade pela propagação das tendências dos grupos pela sociedade, por exemplo.

Para Émile Durkheim, fatos sociais são "coisas". São maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercitivo. Não podem ser confundidos com os fenômenos orgânicos nem com os psíquicos, constituem uma espécie nova de fatos. São fatos sociais: regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc.

“É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior.”; ou ainda, “que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais.” Ou ainda: Todas as maneiras de ser, fazer, pensar, agir e sentir desde que compartilhadas coletivamente. Variam de cultura para cultura e tem como base a moral social, estabelecendo um conjunto de regras e determinando o que é certo ou errado, permitido ou proibido.

Existem também as correntes sociais, como as grandes manifestações de entusiasmos, indignação, piedade, etc. Chegam a cada um de nós do exterior e não têm sua origem em nenhuma consciência particular. Têm grande poder de coação e são suscetíveis de nos arrastar, mesmo contra a vontade. Se um indivíduo experimentar opor-se a uma destas manifestações coletivas, os sentimentos que nega voltar-se-ão contra ele. Estamos então a ser vítimas de uma ilusão que nos faz acreditar termos sido nós quem elaborou aquilo que se nos impôs do exterior. Percebemos então que fomos sua presa, mais do que seus criadores.

Analisando os fatos sociais chega-se à conclusão de que toda a educação dada às crianças consiste num esforço contínuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não teria chegado espontaneamente. Segundo Herbert Spencer, uma educação racional deveria deixar a criança agir com toda a liberdade. Mas essa teoria pedagógica nunca foi praticada por nenhum povo conhecido, não passa então de um desejo pessoal. A educação tem justamente o objetivo de criar o ser social.

Não é a generalidade que serve para caracterizar os fenômenos sociológicos. Um pensamento comum a todos ou um movimento por todos os indivíduos não são por isso fatos sociais. Isso são só suas encarnações individuais.

Há certas correntes de opinião que nos levam ao casamento, ao suicídio ou a uma taxa de natalidade mais ou menos forte; estes são, evidentemente, fatos sociais. Somente as estatísticas podem nos fornecer meios de isolar os fatos sociais dos casos individuais. Por exemplo, a alta taxa de violência em bairros de pessoas excluídas: não são só fatos individuais e particulares que os levam a violência. Toda cultura e a educação destes lugares exerce grande diferença no pensamento do indivíduo na hora de se cometer algum tipo de violência.

O efeito de coação externa de um fato social é fácil de constatar quando se traduz por uma reação direta da sociedade, como é o caso do direito, das crenças, dos usos e até das modas.

Não podemos escolher a forma das nossas casas tal como não podemos escolher a forma do nosso vestuário sem sofrer algum tipo de coação externa. Os nossos gostos são quase obrigatórios visto que as vias de comunicação determinam de forma imperiosa os costumes, trocas, etc. Isso, portanto também é um fato social, visto que é geral.

Contrariando Auguste Comte, não há um progresso, uma evolução da humanidade, o que existe são sociedades particulares que nascem se desenvolvem e morrem independentemente umas das outras. Se, além disso, se considera que as sociedades mais recentes continuam as que precederam, então cada tipo superior poderá ser considerado como a simples repetição do tipo imediatamente inferior. Um povo que substitui outro não é apenas um prolongamento deste último com alguns caracteres novos; é diferente, constitui uma individualidade nova.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Imaginem se Jesus tivesse descido da cruz!


O relato bíblico da crucificação é rico em interpretações e significados. Mas ao ler a passagem que se encontra em Mateus 27:33 a 44 algo me saltou aos olhos - Jesus tinha a possibilidade de descer da cruz e se salvar. No entanto, ele escolheu ficar ali, ele escolheu a dor dos cravos comprimindo os seus tendões, ele escolheu sentir o sangue escorrendo pelo seu corpo levando suas forças.

Imagino que o lugar onde ocorria a crucificação, chamado de Gólgota, estava repleto de pessoas, por causa da excepcionalidade do evento. O texto relata que haviam pessoas de vários níveis sociais presenciando aquela condenação, desde ladrões a cidadãos comuns, desde pequenos oficiais até chefes da lei, desde simples crentes até líderes religiosos. Acredito, portanto, que os maiorais daquela sociedade olhavam para o que estava acontecendo e muito se admiravam. Ouso dizer que muitos até gostavam daquilo tudo, pois estava ali aquele que eles acreditavam que ameaçava as suas posições de poder.

Muitos desses maiorais se posicionavam diante do fato com deboche e escárnio. Posso imaginar eles falando: como pode aquele que se diz rei dos judeus, morrer de forma tão vergonhosa, ao lado de ladrões e dependurado assim? Eles deviam olhar para si mesmo e se sentirem jubilosos; pensando: ninguém tira minha posição de autoridade.

Tenho uma vaga ideia de que a dor física que Jesus sentia que era incalculável, não obstante ele também sentia uma dor moral, pois estava em questão a sua glória, a sua posição social e até a sua fé, pois questionavam assim: ele creu em Deus e agora Deus nem se importa em salvá-lo. Imagino que Jesus gostaria de explicar e esclarecer tudo o que estava acontecendo, mas o contexto o impossibilitava.

Tudo aquilo poderia ter sido diferente, ele poderia não ter sentido aquela dor, ele poderia não ter sofrido tal vexame, bastaria apenas ele descer da cruz. Se não soubéssemos hoje de todo o plano, não teria diferença para nós; a vida concreta seguiria o seu curso normal. Mas a grande diferença seria na eternidade, na nossa vida espiritual, pois a morte de Jesus mudou tudo, inclusive a nossa forma de relacionamento com Deus Pai.

Convido você a fazer um exercício comigo: imagine se Deus não tivesse criado todas as cores e feito o mundo apenas preto e branco, para nós não faria diferença, porque não saberíamos que as muitas cores existem. Imagine se Deus não tivesse criado os temperos e nossa comida fosse insípida, para nós não faria a menor diferença, não conheceríamos gosto algum. Se Jesus Cristo descesse da cruz, talvez hoje teríamos que pagar nossos pecados com holocaustos de tempos em tempos. Se ele descesse da cruz, talvez teríamos uma relação distanciada com Deus. Se ele descesse da cruz, poderíamos não ter a real dimensão do amor de Deus. Se ele descesse da cruz, tudo seria diferente e talvez nem perceberíamos isso.

Mas a história nos relata que não foi assim, Jesus permaneceu ali pregado até morrer e depois de três dias, vitoriosamente, ressuscitar.

O mundo foi feito com muitas cores para que a vida fosse mais alegre. O mundo foi feito com muitos temperos, para que a vida tivesse mais sabor. Deus planejou tudo para que a vida fosse plena de significado e planejou inclusive a forma de redimir nossos pecados, para que assim pudéssemos nos reaproximar dele. Por isso Jesus Cristo não desceu da cruz - para que pudéssemos experimentar o completo e perfeito amor de Deus.

Eliéser Ribeiro