Apocalipse 7: 9 a 17
Em geral, observamos um mundo contemporâneo marcado por seguidas crises econômicas e morais. A principal causa agora é devido à perda de confiança nas instituições financeiras e a destruição das instituições formadoras do senso de coletividade e solidariedade entre as pessoas, a saber: igreja, Estado e família. Estamos envolvidos num grande processo histórico, em que os fatos e eventos que vemos se encadeiam num círculo vicioso, dando sentido catastrófico para humanidade. Estamos inseridos num processo de destruição do ser humano no sentido comunal, e isso pode ser observado em vários fatores. Cada vez mais tendemos a olhar o nosso próprio interesse em detrimento dos interesses coletivos e assim temos nos tornando mais e mais egoístas. Cada vez mais damos mais valor ao dinheiro e as coisas, em função dos sentimentos e das pessoas, nos tornando mais e mais materialistas.
Em particular, observamos um Brasil caracterizado por seguidas crises éticas e políticas. Pois, vivemos em meio a um povo que consagra a desigualdade e a corrupção, combatendo-a o tempo todo no discurso, mas agravando-a em suas práticas e atitudes cotidianas. Então nos tornamos cúmplices das principais mazelas nacionais. E vemos muitos de nossos líderes políticos e religiosos escaparem, como peixe ensaboado da mão do pescador, de acusações de corrupção e má administração comprovadas. Então nos tornamos coniventes ao reelegê-los.
Todo esse processo é histórico e parece não ter fim, se agrava intensamente e a cada dia interfere de forma direta nas nossas relações mais simples e corriqueiras, com amigos, colegas de trabalho, familiares etc. Vão se somando aos nossos dias, desgostos, injúrias, violência, indiferença, desigualdade, pecados. Viver nesse mundo é como se vivêssemos numa grande tribulação (Ap. 7:14). Desse modo, o que esperar do futuro?
Muitas respostas para essa pergunta pode ser encontrada no livro de Apocalipse. Esse livro tem como tema principal o reinado de Deus sobre a história, conta da vitória dos que esperam em Cristo sobre o mundo dominado pela força do maligno. Esse livro se apresenta carregado de imagens e mensagens, em forma de revelação de Deus, para habilitar os cristãos com a visão de centralidade de Deus na história e com a esperança de uma vida melhor no reinado triunfante dEle.
O ponto central é que Satanás e suas ações no mundo serão derrotados e que Deus, através do seu governo, irá cuidar e abençoar aqueles que são seus. Para esse fim Deus separa os seus “remanescentes”, um grupo de pessoas que pelejam nesse mundo e persistem nas práticas de justiça, amor e piedade. Àqueles que em oposição às crises do mundo, se mantém santos, irrepreensíveis, conservando o testemunho verdadeiro e fiel do modo de vida cristão.
Portanto, esses “remanescentes” conservam a esperança de vida, trabalham pela justiça e salvação desse mundo. E esses são os que lavaram as suas vidas no sangue daquele que pode livrar de todo mal. E que por isso tem os seus nomes escritos no livro da vida (Ap.3:5). Então, as tribulações desse mundo irão contrastar com o lugar onde não haverá diferenças entre classes, etnias, nações e línguas, pois o Cristo que se encontra no meio do trono os cuidará e os guiará para as fontes de água da vida (Ap. 7:17a).
Então poderemos esperar alegria para a tristeza, consolo para a dor, certeza para a dúvida, motivação para o cansaço, paz para quem está em guerra e vida eterna para o que se sente limitado.
sábado, 28 de novembro de 2009
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Li tudo e gostei!
ResponderExcluirConcordo que o mundo está pior e estará ainda pior, e que os abrigos são difíceis de se encontrar.
Boa conclusão: "o Cristo que se encontra no meio do trono os cuidará e os guiará para as fontes de água da vida"!
ê lili... vai ficar sábado na dissertação ou construindo blogs?! :) Saudades de você! Um beijo gigante! Fernanda L.
ResponderExcluirAndré, teimo ainda em não aceitar a ideia de "pioramento" do mundo. Acho que é fruto da esperança juvenil que me motiva. Mas concordo com vc que os abrigos estão mais difíceis de encontrar.
ResponderExcluirFraterno abraço
Fernandinha, vou tentar fazer os dois dissertação e blog...rsrs
Bju grande.
Lili,
ResponderExcluirem primeiro lugar, parabéns por sua iniciativa, tanto de criação do blog quanto de publicação do texto - que achei muito instigante e interessante.
Gostaria de registrar um comentário crítico para continuarmos a conversa. Desculpe-me o multiplicar das linhas, espero não ter me demorado desnecassariamente.
Acho que discordo da leitura geral de que o mundo, ou nossa sociedade, esteja em decadência e ruína de seus valores coletivos. Isso me parece por demais redutor. Bom, deixe-me ser claro, pois acho que estou contigo em muitos aspectos. Há, decerto, um processo em curso. Entendo e assino embaixo quando da consideração de que algumas instituições de referenciais coletivos estejam em crise. No entanto, creio não compartilhar dos mesmos termos para pensar essa ruína.
Existe um ponto que parece-me ser crítico. Trata-se da consideração e qualificação de quais os valores que estamos perdendo. Pensar em termos de uma "destruição do ser humano em sentido comunal" leva àquilo que considero uma perigosa (e muito óbvia) conclusão: a de que devemos retornar ao estado de coisas anterior, tendo a família, o Estado e a igreja considerados como centrais na socialização e configuração da sociedade. Quanto a isso, discordo fortemente. A família, historicamente patriarcal, precisa ser reformada; Estado e igreja, igualmente.
A ruína do lugar dessas instituições na sociedade parece-me ter uma dupla potência. De um lado, o curso que conduz à radicalização de uma sociedade atomizada - organizada e explicada pelas regras do mercado, alienantes e desumanizantes. De outro, no entanto, a possibilidade de construção de novos referenciais coletivos, estes marcadamente públicos e democráticos. Pois, insisto, devemos nos afastar daqueles referenciais que, mesmo coletivos, são notadamente opressores - como foi, e ainda é, a nossa sociedade, família, Estado e igreja.
Com isso, reforço a leitura de que essa crise parece ter também um sentido emancipatório.
Temos, ademais, uma discordância acerca dos termos de nosso otimismo. Você vislumbra o cristianismo, ou a prática cristã, como possibilidade redentora para a humanidade. Minha percepção não é referenciada ou pautada pela religião - ainda que em seu melhor sentido. Todavia, talvez não tenhamos posturas incompatíveis ou inconciliáveis. Mas, para que não estejamos em lados opostos, acho que será preciso, antes de mais nada, construir um cristianismo reformado e reformador, democrático e democratizante... aquilo que creio ser o seu nobre desejo.
No mais, expresso a minha profunda admiração por você, meu amigo. Continuo querendo estar por perto.
Grande abraço,
André Drumond
Fala meu amado!
ResponderExcluirMuito bom seu blog.
Vou acompanhar sempre cara.
Parabéns pela lucidez e inteligência.
Muito animadora a mensagem diante de tantas lutas.
Grande abraço brother!
André e Thiago, obrigado pelas contribuições.
ResponderExcluirEm breve pretendo refletir um pouco sobre o lugar do Estado, da Família e da Igreja no mundo contemporâneo. Já tenho algumas opiniões formadas a respeito, mas preciso verbalizá-las ainda.
Abraço fraterno